O ano de 2025 se apresenta como um marco crucial para o varejo de moda, em um cenário dominado por instabilidade macroeconômica, transformações geopolíticas e demandas crescentes por sustentabilidade e personalização. Segundo o relatório State of Fashion 2025, elaborado pela McKinsey e pelo Business of Fashion (BoF), o crescimento da receita global no setor deve se estabilizar em dígitos baixos, com o segmento não-luxo liderando os lucros pela primeira vez desde 2010.
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Pressão econômica e mudanças de consumo
A desaceleração econômica global impõe desafios significativos aos varejistas. Inflação persistente, taxas de juros elevadas e custos crescentes de matérias-primas pressionam as margens de lucro, particularmente em categorias de moda acessível e intermediária. De acordo com a pesquisa Consumidor do Amanhã, realizada pela MosaicLab, 39% dos consumidores americanos reduziram suas compras de vestuário e calçados devido ao aumento de preços em 2024.
Além disso, a compra consciente, impulsionada por regulamentações ambientais mais rígidas e pela busca por transparência na cadeia produtiva, vem moldando os hábitos de consumo. Os consumidores exigem práticas éticas, desde a origem das matérias-primas até o tratamento da mão de obra. Essa tendência, embora necessária, dificulta a manutenção de preços competitivos, pressionando ainda mais o setor.
A ascensão dos dupes e a economia da moda
Em meio à busca por opções acessíveis, os chamados dupes — produtos inspirados em designs de marcas renomadas, mas vendidos a preços mais baixos — estão em alta. Essa prática, entretanto, divide opiniões. Enquanto consumidores enxergam neles uma alternativa acessível às tendências, especialistas, como Regina Ferreira, doutora em Fashion Law, alertam para os riscos legais e de saúde associados, especialmente em cosméticos e maquiagem. “Essas imitações podem violar normas jurídicas e expor consumidores a sérios riscos, como alergias e queimaduras, devido ao uso de materiais de baixa qualidade”, afirma.
Tendências que moldarão 2025
Para enfrentar esses desafios, empresas precisarão adotar estratégias resilientes e inovadoras. Entre as principais tendências apontadas, a personalização emerge como um diferencial competitivo, permitindo que marcas criem conexões mais profundas com seus consumidores. Além disso, a digitalização e o uso de tecnologias avançadas, como inteligência de mercado e operações omnicanal, se mostram essenciais para otimizar processos e aumentar a eficiência.
Outro aspecto vital será a capacitação da força de trabalho. O foco no desenvolvimento de soft skills e hard skills pode prevenir crises reputacionais e melhorar a experiência do consumidor, colocando o elemento humano no centro das vendas.
Sustentabilidade e economia circular
A adoção de práticas sustentáveis e a redução de emissões de gases de efeito estufa são prioridades para o setor. Empresas que assumirem compromissos ambientais e investirem em economia circular estarão mais preparadas para atender às regulamentações futuras e às expectativas dos consumidores.
A gestão eficiente de estoques e da cadeia de abastecimento também será crucial para evitar desperdícios e garantir disponibilidade de produtos. Tecnologias de previsão de demanda podem ajudar a equilibrar custos e aumentar a assertividade no atendimento ao cliente.
Unindo forças para o futuro
No Brasil, a união dos elos da cadeia de valor é vista como uma grande oportunidade para aumentar a competitividade no setor de moda. Discussões sobre incentivos fiscais, práticas sustentáveis e isonomia tributária seriam mais eficazes se houvesse alinhamento entre os diferentes atores do mercado.
Uma nova era para o varejo de moda
As mudanças climáticas e o comportamento de consumo continuarão a moldar o setor em 2025. Empresas que combinarem eficiência operacional, inovação tecnológica e práticas éticas terão mais chances de conquistar a preferência do consumidor.
Embora os desafios sejam grandes, as marcas que encararem 2025 como uma oportunidade para se reinventar poderão liderar uma nova era para o varejo de moda, marcada por sustentabilidade, personalização e conexão autêntica com o público. Afinal, o futuro pertence a quem ousa transformar adversidades em inovação.
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